PORQUE LI?
Estou a preparar a participação numa conferência para a qual fui convidada. Porque quero aflorar a questão do racismo, fui à livraria onde compro os meus livros (e onde trabalhei durante anos), a WOOK, e limitei-me a colocar a seguinte palavra na caixa de pesquisa: “racismo”. Foi-me devolvida esta preciosidade, “O racismo explicado aos jovens”. Requisitei-o na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, em Matosinhos, e li-o em pouco mais de uma hora. Naturalmente, vou comprar um exemplar para mim.
O QUE ACHEI?
“O racista é aquele que pensa que tudo aquilo que é muito diferente dele ameaça a sua tranquilidade (…) O ser humano precisa de ser tranquilizado. Não gosta muito do que pode abalar as suas certezas. Tem tendência a desconfiar do que constitui uma novidade. Muitas vezes temos medo do que não conhecemos.”
Simples, claro, conciso e objectivo, “O racismo explicado aos jovens” disseca este comportamento nas suas mais variadas facetas, nuances e subtilezas ao mesmo tempo que explora, sempre numa linguagem muitíssimo acessível, conceitos como a diferença, o preconceito, a discriminação, a raça, o extermínio, o genocídio, a religião, a etnia, a escravatura, o colonialismo, o Apartheid, entre outros. Tudo em apenas 62 páginas que todos compreenderão sem dificuldades, os mais pequenos incluídos, sobretudo se ajudados na leitura e na interpretação pelos pais ou pelos professores.
Este texto de Tahar Ben Jelloun foi escrito em 1997, publicado em Portugal em 1998 e adquirido pela Biblioteca Municipal Florbela Espanca em 2008. Nove anos depois, e a julgar pelo estado do livro, quase posso jurar que fui a primeira pessoa a abri-lo, coisa que me espanta. Assim como me espanta também, e muito!, que este título não faça parte das listagens do Plano Nacional de Leitura.
A certa altura, Tahar Ben Jalloun refere no seu texto que “A luta contra o racismo deve ser um reflexo quotidiano. A nossa vigilância nunca deve esmorecer”. Acharão os portugueses que neste domínio está tudo feito?
“O racismo explicado aos jovens” é um excelente pequeno livro, que recomendarei sempre. Sobretudo aos adultos de cabeça-dura. Infelizmente, não são poucos.
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