Nome: Eu sei onde você está
Autor: Claire Kendal
Lançamento: 2017
ISBN 9788551001547
Páginas: 304
Edição: Português
Sinopse
Rafe está em todos os lugares. E Clarissa vai encontrá-lo, mesmo sendo a última coisa que gostaria que acontecesse. Vai encontrá-lo na universidade onde ambos trabalham, na estação de trem, no portão do prédio onde mora. As mensagens do homem lotam a secretária eletrônica de Clarissa, os presentes dele abarrotam sua caixa de correio. Desde a noite traumática que passaram juntos alguns meses antes, ela se vê em uma armadilha da qual não consegue escapar. E ele se recusa a aceitar um não como resposta. A única saída de Clarissa para esse pesadelo angustiante são as sete semanas que passará em um tribunal, onde foi escalada para compor um júri popular. A vítima em questão viveu experiências que revelam uma similaridade macabra com a vida da jurada. Conforme o julgamento se desenrola, Clarissa percebe que, para sobreviver às investidas obcecadas de Rafe, será necessário se arriscar. Começa então a reunir evidências da insanidade do perseguidor para usá-las contra ele e relata todo o terror psicológico e físico a que é submetida, o que a obriga a reviver cada momento doloroso que vem tentando desesperadamente esquecer. Escrito de forma primorosa, “Eu sei onde você está” explora a tênue fronteira entre amor e compulsão, fantasia e realidade. Um retrato perturbador de uma mulher perseguida, determinada a sobreviver.
Depois de um longo inverno, estou de volta. Apesar do afastamento do blog, não me afastei dos livros. Então tenho resenhas fresquinhas para compartilhar.
A primeira resenha é sobre um livro que não é muito meu estilo de leitura, mas a Editora Intrínseca costuma lançar cada livrão com sinopses maravilhosas, que acabei me entregando para esse estilo literário de Suspense e Mistério/Crime (de acordo com o Skoob). E é sobre um assunto muito sério: crime contra as mulheres. Não preciso informar os números horríveis de violência contra nós, né?
Clarissa é uma mulher de 38 anos que estava tentando engravidar de Henry, seu companheiro, que lhe abandonou depois de diversos tratamentos para que ela pudesse ter um filho. Prestes a entrar em julgamento de sete semanas sobre um caso de violência feminina, ela começa a ser perseguida por um homem.
Em uma noite, ela foi prestigiar o lançamento de um livro de um dos professores da Universidade na qual ela trabalhava, Rafe Solmes. Ainda não recuperada com o fim do relacionamento com Henry, ela aceita uma bebida do Sr. Solmes e sua companhia até a casa dela. No dia seguinte, ela acorda com Rafe em sua cama, não se lembrando de nada do que aconteceu. A partir daí, ela começa a ser perseguida e ameaçada pelo rapaz.
A história é sobre duas mulheres que foram violentadas por homens. O julgamento, no qual Clarissa irá participar como uma das juradas, é sobre uma mulher viciada em drogas, prostituta e que foi sequestrada e violentada por um grupo de homens, pois devia dinheiro a eles. Durante o julgamento, os réus acusam Lottie, a vítima, que foi tudo consensual e que não houve crime nenhum. Inclusive, Annie, uma das juradas de quem Clarissa fez uma amizade temporária, também achava que Lottie tinha culpa pelo o que aconteceu a ela. Afinal, ela “se meteu onde não devia”.
Já Clarissa, após ser violentada por Rafe, pediu ajuda à polícia. Mas a polícia não podia ajudar, porque não havia provas de que não foi um ato consensual e que ela havia bebido na noite em que o crime aconteceu. Ela então busca ajuda em um telefone de ajuda às vítimas de perseguições e abusos sexuais, e é orientada a documentar cada ação do perseguidor, desde os contatos que ele tem com ela até “presentes” que ela começa a receber de Rafe, para que ela possa ter provas concretas para uma acusação.
Nesse meio, ela conhece Robert, outro jurado do caso de Lottie. Alguém que ela permite se apaixonar e tentar tirar Rafe da cabeça. Porém, Clarissa continua amedrontada com Rafe e suas artimanhas, como dizer para os outros que ela é sua namorada e não sabe o porquê de “ela está agindo assim”. Robert também não é uma “flor que se cheire”. Há uma terceira história de fundo sobre uma mulher com a qual Rafe se relacionou e desapareceu há anos.
Não há final feliz nesse livro. Mas uma história real do que acontece com as mulheres em forma de ficção. Sobre como elas são culpadas por crimes que acontecem diariamente com as mulheres. Como elas não são levadas a sério quando denunciam uma violência contra a mulher. Como é difícil para uma mulher viver em um mundo onde quase nunca ela tem razão e sempre tem culpa porque *insira alguma coisa que é normal para os homens, mas se uma mulher faz ela é julgada*.
Nem Clarissa, Lottie ou Laura, a moça desaparecida, tem um final feliz.
Achei o livro forte, mas verdadeiro. E que todos deveriam ler para ter consciência do que as mulheres sofrem no dia a dia, simplesmente por serem mulheres.